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Uns programam, outros desenvolvem

qua, 25/05/11 por Raphael PH Santos | categoria Mercado | tags java, mysql, php, profissionalismo

Trabalho com desenvolvimento de softwares desde 2007. O tempo é pouco, mas suficiente para aprender muito e, melhor, para saber a diferença entre o programador e o desenvolvedor. Óbvio que são duas palavras sinônimas no universo da Informática, mas os termos servirão bem para que eu consiga definir a diferença entre o profissional que somente faz e aquele que pensa algo mais importante durante esse processo.

Ninguém disse que seria fácil trabalhar com esse negócio de Informática. Comecei o desenvolvimento web como bolsista na própria faculdade. Minto, eu comecei bem antes. Ainda no colégio participei da Olimpíada Brasileira de Programação. A linguagem era Pascal, o conhecimento era pouco. Um desastre. O problema era, por conta da inexperiência talvez, ainda se enxergar como um simples programdor. Receber um problema era realmente um grande problema, quase um trabalho de Hércules. Google para que te quero! A resolução não era pensada achando que resolver de qualquer maneira seria o mais sensato a ser feito. Passava horas no desenvolver do problema. Em algumas situações mais complicadas até dias. Trabalhava com PHP e o banco de dados era MySQL. Apesar de ser uma linguagem cuja curva de aprendizado é muito boa, a dificuldade era muito grande. Resolvia, mas ainda não era nada maduro.

No segundo emprego, uma agência agregada a desenvolvimento web, tive a obrigação de amadurecer o código, afinal, já me chegavam linhas mais robustas e aplicações maiores. Somente manutenção era a palavra de ordem. “Só”! Na primeira semana ainda estava na vibe de não amadurecer o problema. O estilo programador ainda imperava. Foi olhando para uma situação – isso já no segundo emprego -, que me veio a luz: “pensar faz parte”. Óbvio que eu pensava antes, ora. Impossível fazer o que já havia sido feito sem essa prática. Pensava, porém, sem estrutura; de forma desleixada até. Digamos que a essa época ainda era 30% de pensamento (análise, por assim dizer) e 70% de esforço, de mão na massa. A partir desse dia as coisas começaram a mudar.

O problema que gerou o insight era muito simples: eu devia receber uma imagem e tratá-la (colocar marca d’água, cortar, ajustar tamanho, etc) tudo no código da aplicação. Medo! Medo que passou quando resolvi não escovar bits antes de ler e imaginar como isso poderia ser feito. Rapidamente descobri as funções em PHP que fazem isso. Estava alí na cara, logo na documentação oficial da linguagem. Como na época não seria algo fácil trabalhar com tais funções, resolvi ler tudo que conseguiria em um dia sobre o assunto. Eu consumi, destrinchei, li, reli, concordei e duvidei. O conhecimento enraizou rapidamente. Tão bem que no dia seguinte, indo de casa para o trabalho de ônibus, já tinha a solução quase pronta na cabeça. Sim, funcionou! Esse foi o marco da minha (r)evolução profissional. A partir dalí não poderia mais ser considerado apenas programador. Era um desenvolvedor! Padawan ainda, claro, mas já cravara um badge no peito do processo de amadurecimento.

A partir desse bendito dia houve bastante evolução. O primeiro passo são os projetos próprios. Foram muitos. A maioria, inclusive, fracassados. Outros, por serem bem pensados, obtiveram certo sucesso. Não passei muito tempo nesse local que trabalhava e logo fui para algo maior, trabalhar com outra linguagem. Era a vez do Java. Gostei bastante, mas preferi voltar aos trabalhos que envolviam PHP (prometo, não foi só o dinheiro). Talvez essa volta tenha sido meu segundo trunfo profissional: ver que trabalhar com internet é propriamente meu negócio.

O programador simplesmente é exposto a uma situação e tenta resolvê-la. É aquele cara que aprende, mas sempre fica na simplicidade, no famoso feijão com arroz, muitas vezes rodando em círculos. Pode ter sucesso profissional? Sim, lógico, conheço alguns nesse estilo que o tem. O desenvolvedor vai além. Cria! Ele não simplesmente resolve, mas aperfeiçoa. Para esse tipo de profissional, solução de um problema passa antes por uma fase plenamente analítica, onde nem sempre se há pressa, uma vez que o problema deverá ser resolvido da melhor forma possível.

Não há nenhum grande problema em não ser analítico diante de um problema. Tem outro lado. Programadores, no sentido que dei aqui, obtém sucesso também com a experiência, com a carga de trabalho. Tantos problemas são resolvidos que um dia nada mais, ou muito pouco, trata-se de uma novidade. Começa-se uma forma de trabalhar muito parecido com um fluxo fabril. Recebe a peça, encaixa a peça (movimento repetido incessantemente por horas e até dias). É aí que o profissional deve evoluir, buscar uma nova função dentro das carreiras que a Engenharia de Software oferece ou acumular funções, para aqueles que se sintam mais confortáveis para isso.

14 Comentários para “Uns programam, outros desenvolvem”

  1. 1
    Kaio:
    25 maio, 2011 as 19:03

    Parabéns pela sua estréia no Tech Tudo, principalmente por ser em um dia tão especial como hoje, para você que é um NERD.

  2. 2
    Dado Ellis:
    26 maio, 2011 as 2:26

    Excelente texto PH!! Um feliz dia da toalha para ti!

  3. 3
    Sybrand:
    26 maio, 2011 as 14:35

    Excelente Post.

  4. 4
    Paulo:
    26 maio, 2011 as 17:05

    Me desculpe mas na minha opinião essa diferença não existe. Apenas briga de palavras. Tenho só um pouco mais de experiencia que voce. Trabalho com desenvolvimento desde 1994.

  5. 5
    Paulo:
    26 maio, 2011 as 17:10

    Muito bom post difícil é achar desenvolvedor de verdade, já que a maioria dos softwares quem acaba fazendo o test driver é sempre o usuário final um exemplo disso é a MS com as sua OS que sempre deram pau na hora H, fora outros que que não tão famosos assim. Como diz um amigo informática é uma ciência exotérica.

  6. 6
    Raphael PH Santos:
    26 maio, 2011 as 17:26

    Concordo, Paulo, é como escrevi no primeiro parágrafo: “Óbvio que são duas palavras sinônimas no universo da Informática, mas os termos servirão bem para que eu consiga definir a diferença”. São apenas palavras para ilustrar uma diferença que pretendi apontar.

    Muito bom ouvir a opinião de quem tem uma vasta experiência. :)

  7. 7
    Frederico Frediani:
    26 maio, 2011 as 17:26

    Parabéns pela coluna.Sou estudante na área, faço Sistemas de Informação e essa diferença existe mesmo. Antigamente bastava ser apenas um programador, hoje a coisa é diferente, os tempos mudaram, evoluiram principalmente na área de tecnologia da informação. Então não basta apenas ser um simples programador, onde faz aquele serviço repetitivo, hoje tem que se pensar diferente, soluções, qualidade e teste. Ser eficiente e eficaz, torna-se viável para desenvolvedores. Obrigado.

  8. 8
    Italo Santos:
    26 maio, 2011 as 18:18

    Olá amigo,

    Um texto bem escrito. Porém, segregar essas duas palavras não faz nenhum sentido para mim.

    De acordo com seu relato, no momento que você descobriu que poderia pensar antes de programar, você passa a ser um desenvolvedor!? (****)

    O rompimento desta fronteira apenas te abre as portas para fazer parte da profissão. Se antes disso você não sabia de fato o que fazia ou dependia do google pra fazer tudo, você pode no máximo ser considerado um bom fuçador, interneteiro… whatever.

    Agora você pode ser considerado um programador. Daí com o passar dos anos, com os desafios que lhe são impostos, você agregará mais experiência a sua carreira. Então o próprio mercado irá lhe classificar, sendo um bom programador, um bom analista ou um bom gerente, todas essas com seus níveis de maturidade [junior, pleno e senior].

    E tenho certeza que você ainda irá viver outras situações de rompimentos de fronteiras. Se você seguir esse seu raciocíco, talvez amanhã você descubra que nesse momento você ainda não é um desenvolvedor.

    Enfim, sucesso e boa sorte!

    Ítalo Santos

  9. 9
    Raphael PH Santos:
    26 maio, 2011 as 18:41

    Fala grande Ítalo,

    Cara, você tem razão, é assim que acontece na maioria das profissões. Assim, sobre as palavras, segreguei apenas para demonstrar dois lados, não para ir ao pé da letra. Longe disso. :)

    Não contei no texto toda minha carreira, somente um primeiro momento. Realmente já tive mais quebra de fronteiras. Passar a Analista de Sistemas foi uma dessas, uma vez que o conhecimento antes era bem mais técnico até do que conceitual. Agora como Analista de Negócio já tenho uma visão completamente diferente da carreira que a profissão vai nos mostrando. Felizmente sempre há esse rompimento e é isso que nos faz crescer e, melhor, cada vez mais querer crescer.

    Obrigado pelo comentário. Espero que continue acompanhando os próximos textos. Em breve vai ser um texto bem técnico e que acho bem interessante.

    Sucesso!

  10. 10
    Vinícius Andrade:
    26 maio, 2011 as 20:24

    Muito bom o artigo, mas também é necessário mudar a mentalidade de alguns gerentes / coordenadores / diretores / etc. que acham que criar os testes é desperdicio de tempo, pois com esse tempo o desenvolvedor ja deveria estar resolvendo outro problema.

  11. 11
    Antonio:
    26 maio, 2011 as 22:58

    Muito boa sua coluna de estréia. Estarei de olho nas próximas.

  12. 12
    JoaoFPR:
    30 maio, 2011 as 19:53

    Bem, sou um leigo, não sei quase nada de linhas de código, estou estudando para colaborar com o mundo GNU/Linux, então não posso fazer nenhum comentário realmente relevante.
    A única coisa que posso dizer é que li e mentalmente escutava o sotaque do PH Santos.

    Parabéns pelo primeiro artigo, rapaz.

  13. 13
    JC Lang:
    1 junho, 2011 as 11:42

    Muito bem, PH gostei do texto.

    Eu venho de outra escola de programadores, daqueles que começaram no Cobol CPM, Clipper, etc.
    Nestes 24 anos de profissão foi preciso se reinventar dia após dia. A paixão pelo que se faz é muito importabnte nesta hora e o pensar é mais importante do que o fazer!
    Pena que no dia-a-dia pensam que temos uma varinha mágica para resolver os problemas !!!

    Abraço

  14. 14
    João:
    21 junho, 2011 as 21:18

    Tah faltando um link para redes sociais nesse blog!

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  • Raphael Santos

    Raphael "PH" Santos é Analista de Sistemas. Acredita que o verdadeiro desenvolvedor não se apega a linguagem alguma. Começou com o podcast do Cinema com Rapadura e colabora no blog NumClique.net.

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