A cultura da opção, a cultura da plataforma Android
A minha ideia ao escolher este tema, não foi criar polêmica, mas demonstrar os verdadeiros efeitos que a plataforma Android tem construído em seu mercado. Não é de hoje que o robozinho verde vem sendo destacado como o melhor concorrente ao iOS e a plataforma móvel com as maiores chances de conquistar um sólido futuro.
A exemplo disso, posso citar a última pesquisa da Canalys, que surpreendeu o mercado de telefonia inteligente ao expor, pela primeira vez, o crescimento histórico do Android, ultrapassando a popularidade do sistema operacional Symbian, da Nokia, no último trimestre de 2010. Os números de venda do Android também são absurdos, mais de 32,9 mihões de aparelhos vendidos no período.
Para conseguir montar toda esta atratividade de mercado, o Google escolheu por oferecer o sistema aos fabricantes de dispositivos móveis e não receber nada em troca. Embora esta decisão tenha colaborado para a geração de diversos efeitos colaterais, como a fragmentação e arquitetura de informação depreciadas, este “erro estratégico” tem fortemente contribuído para tornar os smartphones mais baratos e populares.
A História
Com a aquisição da empresa Android Inc. em 2005, o Google passou um bom tempo lapidando a ideia de como a sua estratégia mobile seria formulada. Com o lançamento do iPhone, pela Apple, em 2007, a gigante de Mountain View se viu na obrigação de oferecer um concorrente que pudesse competir em prol da inovação no setor.
Em um anúncio surpresa feito, no mesmo ano, pelo cofundador do Google, Sergey Brin, a gigante da internet apresentava uma prévia do que viria a ser uma nova era para a empresa. Com base no foco da experiência do usuário, principalmente daqueles que costumam usar os serviços da companhia, o Android acabou por se tornar um passo extremamente importante e natural àqueles que desejavam manter a mesma integração em seus celulares.
No caso dos desenvolvedores, a escolha de tornar a plataforma aberta, permitiu que qualquer pessoa pudesse ter a liberdade de criar seus próprios apps, além de possibilitar o compartilhamento através da loja de aplicativos, a Android Market. A falta de um controle de qualidade, por outro lado, tem sido um fator negativo quando comparado com a loja do iOS, cuja situação já foi alvo de fortes críticas de Steve Jobs, CEO da Apple, que afirmou que o Google valorizava a pornografia em seu sistema.
Porém, mesmo com o surgimento de falhas e outras questões pra lá de discutíveis, não há como negar que o Google promoveu uma jogada de mestre. A prova disso está na união de fabricantes e desenvolvedores, que viram, na plataforma, o futuro que necessitavam para voltar a serem competitivos. A Motorola, que pode ser classificada como o melhor exemplo de sucesso e superação, estava muito próxima de anunciar sua falência. Hoje, no entanto, a empresa voltou a ter a capacidade de apresentar produtos premiados e inovadores.
Opção de escolha, o segredo do sucesso
Como disse na minha última coluna, a democracia de mercado tem sido uma das apostas das empresas, inclusive, do próprio Google. Com os consumidores mais ativos e expressivos, as decisões corporativas, que hoje envolvem o Android, devem passar por mudanças, principalmente em casos onde os usuários são impedidos de alterar e personalizar seus aparelhos. Não é preciso pensar muito para saber que estas fabricantes poderão ter suas vendas afetadas no futuro, se o foco não for corrigido a tempo.
Embora o Google tenha conhecimento dos problemas que envolvem sua plataforma, a estratégia colocada no Android não impede que seus parceiros tomem decisões que possam ser consideradas erradas. Para tentar corrigir os rumos, a empresa de internet, no começo de 2010, após dezenas de rumores, finalmente anunciava o lançamento do Google Nexus One em parceria com a HTC, a primeira fabricante a construir um aparelho com Android (lembra do estranho HTC Dream?). No final do ano, por outro lado, veio o sucessor do Nexus One, o Nexus S, desta vez feito em parceria com a Samsung e baseado no sucesso de vendas, o Galaxy S.
Com o Google Nexus One, a gigante de Mountain View poderia finalmente vir a competir com seu próprio mercado e influenciar na promoção de melhores dispositivos com Android. Não é por menos que, após a linha Nexus, as empresas parceiras do consórcio produziram dispositivos extremamente poderosos, como o Samsung Galaxy S, Motorola Milestone 2, e a linha Desire da HTC.
Quando falamos em apoiar a liberdade, o significado não se reflete somente aos concorrentes, mas à própria cultura da plataforma aberta, onde usuários são capazes de escolher aparelhos com múltiplas configurações e arquiteturas diferentes, assim como ocorre nos aparelhos da HTC e Motorola, que recebem um camada de interface construída pela fabricante, às vezes facilitando a vida do usuário e/ou integrando redes sociais às principais funcionalidades do Android.
A cultura Android
Neste domingo, durante a final do Super Bowl nos Estados Unidos, a plataforma Android mostrou mais uma vez que será potencialmente o grande destaque de 2011 ao revelar dois novos produtos derivados de sua tecnologia, o aguardado tablet da Motorola com Android 3.0 Honeycomb, e o celular PlayStation, fabricado pela Sony Ericsson, que promete causar uma ótima competição entre os dispositivos com tendência especial a games.
No comercial da Motorola (que gerou um gasto de aproximadamente 5 milhões em 60 segundos), ficou claro que a fabricante faz uma crítica à falta de escolha que os usuários estão sendo expostos, mas, ao mesmo tempo, não faz críticas às suas escolhas, sendo até visualmente representado por um romance entre os personagens. A aposta da fabricante está em construir um ambiente para seu lançamento e seu público alvo, o que alimenta a vontade nos consumidores de possuir e usufruir o respectivo produto.
O Futuro
Com o Android em expansão absoluta, a otimização da plataforma para o mundo das tablets era apenas uma questão de tempo. Com o Android 3.0 Honeycomb, que traz similaridades aos produtos da Bumptop (adquirida pelo Google no ano passado), a tablet de Mountain View chega ao mercado com ótimas críticas.
Com o objetivo de barrar o crescimento do iPad, dono de 75% das vendas no último trimestre, o Android caminha para enfrentar seu atraso no segmento, além de um mercado de grande turbulência e lançamentos nos próximos meses. Com preços justos (temos que torcer!), e uma variedade de produtos, a expectativa é que a plataforma se torne, rapidamente, a número um em vendas até o final do ano.
Será que o Google consegue superar mais este desafio?
8 fevereiro, 2011 as 17:26
\"A Motorola, que pode ser classificada como o melhor exemplo de sucesso e superação, estava muito próxima de anunciar sua falência. Hoje, no entanto, a empresa voltou a ter a capacidade de apresentar produtos premiados e inovadores.\"
E de quebra sacanear seus usuários com falta de atualizações. Quero ver o que ela fará em relação ao XOOM. Para mim a única grande desvantagem de se adotar o Android é ter que ficar rezando para atualizações.
8 fevereiro, 2011 as 17:50
Rene, me desculpe mas seu texto vai completamente contra minhas impressões da Plataforma Android.
A possibilidade de escolha da plataforma é o principal causador de sua fragmentação. E isso está matando a plataforma. O descaso que Motorola e Sony Ericsson tratam atualizações do sistema gera desconfiança nos comsumidores.
Eu como proprietário de um Milestone 1a geração fico triste em saber que a atualização para 2.2 só sairá depois que a 2.3 foi lançada, quiçá até a 2.4. Meu telefone ficou obsoleto muito rápido por falta de vontade da Motorola.
O ganho de vendas que o Android está tendo, em longo prazo só servirá para introduzir mais consumidores ao mercado de smartphones, mas depois esses moverão para sistemas mais estáveis como WM7 e iOS.
A menos que o Google ponha ordem na casa.
8 fevereiro, 2011 as 18:21
Vocês que tanto falam de fragmentação: a adoção do Windows, por exemplo, que chega a 90% NO MUNDO se deve exatamente a fragmentação que possibiliitou a existência de milhares de marcas com configurações quaisquer…
É exatamente o mesmo paralelo: no mundo mobile o iOS pode até ser melhor, por ser muito mais controlado, mas pelo fato de ser extremamente fechado, vai ficar restrito a uma parcela cada vez menor da crescente população dos smartphones.
Eu me pergunto, o usuário comum, que compra sem saber que existem mil utilidades e features no smartphone, vai no mais acessível (ie. o que tem mais modelos e preços) ou no melhor-e-mais-caro?
8 fevereiro, 2011 as 18:24
Olá Lordtux e Bil Pereira,
Infelizmente alguns fabricantes ainda não compreenderam os desejos dos consumidores e poderão vir a sofrer com a falta de fidelidade nos lançamentos futuros. E como disse na coluna, o Google tem o conhecimento disso mas não pode fazer nada a respeito. Aliás, eles deram recentemente uma bela cutucada nos fabricantes através do blog oficial do Android sobre as questões de bloqueio e atualização. Agora temos que aguardar os resultados nos próximos lançamentos.
Abs!
9 fevereiro, 2011 as 16:29
A versatilidade que o Android traz ao mercado de TI é impressionante, não só pelo seu crescimento,mas pela qualidade e usabilidade, sabemos que a colaboratividade do Software Livre é a principal responsável por todo esse sucesso. Espero que se mantenha assim com bases sólidas de uma Mega Empresa que é a Gigante das Buscas e hoje entra no mercado de Software ainda que mibile, mas entra com um produto inovador. Excelente post Rene.
9 fevereiro, 2011 as 19:52
Só falta mesmo os fabricantes acordarem e atualizarem os aparelhos mais rapidamente. Pode parecer bobeirinha agora, mas tratando-se de fidelização e satisfação do cliente, é bom abrir os olhos…