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Porque não desfragmentar SSDs

qui, 12/05/11 por bpiropo | categoria Computadores, Tecnologia | tags drive, hardware, HD, memória, pen-drives, SSD

Terminamos a coluna anterior mencionando que, embora uma célula de memória “flash” possa ser lida indefinidamente, a própria natureza do componente eletrônico que a constitui impõe um limite para o número de vezes que se pode nela escrever (gravar) um dado. E prometemos discutir hoje o que isto tem a ver com o processo de desfragmentação de discos que vínhamos discutindo até então já que, como vimos antes, o programa desfragmentador de discos do Windows 7 e Vista se recusa a desfragmentar um disco rígido quando o identifica como de estado sólido, ou seja, constituído internamente por conjuntos de células de memória “flash” (veja na figura, imagem de divulgação da Transcend, um disco SSD externo, padrão eSATA).

SSD externo padrão eSATA

SSD externo padrão eSATA

Então vamos lá.

Memórias “flash” têm sido fartamente usadas nos últimos dez anos para integrar estes minúsculos dispositivos de armazenamento que tornaram os discos flexíveis obsoletos: cartões de memória para câmaras digitais e outros artefatos eletrônicos e, sobretudo, os pequenos “pen drives” que nos acostumamos a levar de um lado para outro.

Mas se elas padecem deste limite no número de possíveis gravações, por que o assunto quase não é mencionado?

Bem, as razões são, essencialmente, duas.

A primeira é que os fabricantes e vendedores, aqueles responsáveis pela divulgação dos dispositivos, estão mais preocupados em divulgar suas virtudes que seus defeitos. Portanto é natural que não procurem chamar a atenção do público para qualquer tipo de limitação.

E a segunda é que, nos “pen drives” e cartões de memória, este limite no número de gravações efetivamente não prejudica muito. Isto porque ele é suficientemente grande para permitir o uso normal do dispositivo por anos a fio antes de se manifestar. Tantos anos que, quem sabe, quando os “pen drives” que compramos hoje começarem a falhar, é possível que sua tecnologia já tenha se tornado obsoleta e eles estejam empilhados em algum canto, fazendo companhia aos disquetes de 3,5”.

Mas no caso de um disco rígido a coisa é diferente.

Pense na utilização típica que se dá a um “pen drive”. Geralmente serve para transportar arquivos de um lado para outro e na maior parte do tempo permanece no seu bolso ou sobre sua mesa de trabalho. De quando em vez você o espeta em uma porta USB e, muitas vezes, se limita a ler seu conteúdo. Só vez ou outra escreve alguma coisa neles.

E são as escritas que prejudicam.

Agora pense em um disco rígido, permanentemente conectado a seu computador. Nele, particularmente se se tratar do disco que contém os arquivos de sistema, operações de escrita são feitas a todo o momento, milhares de vezes por segundo, gravando arquivos temporários, configurações do sistema, alterações do Registro, posições relativas de janelas e mais um mundo de parâmetros a toda hora acessados (e alterados) pelo sistema.

Pois bem: em um disco SSD, como conciliar esta frequente necessidade de escritas com a limitação das memórias “flash”?

Bem, diversos alvitres são usados. Um deles, particularmente interessante, é equipar o interior do disco com uma quantidade de memória RAM de capacidade equivalente à da memória “flash” lá existente. Quando se liga o micro, todo o conteúdo armazenado nas memórias “flash” é lido (o que não causa desgaste) e copiado para a RAM do próprio SDD.

Enquanto o micro está ligado e o sistema permanece ativo, é nesta RAM que são feitas tanto as leituras quanto as escritas. E, ao se desligar o micro, todo o conteúdo da RAM é transposto novamente para a memória “flash” (tomando o cuidado de apenas regravar as células que foram alteradas) e aí permanece armazenado.

(Tenha em mente que esta é uma descrição simplificada e serve apenas para dar uma ideia superficial dos procedimentos internos do SSD; há detalhes que não foram mencionados como por exemplo a bateria recarregável interna que permite preservar os dados no caso de desligamento abrupto ou falta de energia e diversos outros; mas, em linhas gerais é assim que funciona e este nível de conhecimento nos basta para o propósito que almejamos).

Resumindo: um disco SSD pode ser um dispositivo de armazenamento secundário que, enquanto o micro está ligado, usa apenas memórias voláteis SDRAM dotadas de rotinas de detecção e correção de erros mas que, ao ser desligado, copia seus dados em módulos de memória “flash” não volátil onde pode mantê-los por anos a fio mesmo que não alimentado por energia.

Ou seja: algo que combina a rapidez dos acessos à memória SDRAM com a segurança da preservação de dados da memória “flash”. Um negócio danado de engenhoso.

E o que tem tudo isto a ver com a desfragmentação?

Bem, é só pensar um pouco que você mesmo perceberá. Lembra-se de como é feita a desfragmentação?

Ela consiste em procurar arquivos fragmentados, copiar seus clusters em trechos vazios do disco até liberar espaço contínuo suficiente para que nele o arquivo possa se acomodar inteiro e recopiar os clusters neste espaço. Uma operação que exige no mínimo uma, por vezes duas regravações dos clusters em locais diferentes do disco.

E seu único objetivo é acelerar o desempenho do disco mantendo os clusters de cada arquivo em trechos contínuos de disco para evitar a perda de tempo devida aos saltos da cabeça magnética enquanto lê um arquivo eventualmente fragmentado.

Ora, em um disco de estado sólido não há cabeça magnética. A leitura é feita aleatoriamente e de forma quase imediata não, importando se os clusters são ou não adjacentes. Portanto, desfragmentar discos de estado sólido não traz qualquer benefício.

Mas se fosse só isto, o único prejuízo sofrido ao se desfragmentar um SSD seria o tempo gasto na tarefa. Infelizmente não é assim. Pois, como sabemos, cada vez que se efetua uma operação de escrita em uma célula de memória tipo “flash” se rouba uma pequena fração de seu tempo de vida útil. E a desfragmentação exige que todos os arquivos fragmentados sejam reescritos no disco.

Portanto, desfragmentar um disco de estado sólido não apenas não ajuda como também prejudica. E muito. Pois não acelera a leitura mas reduz a vida útil.

É por isto que o desfragmentador de discos de Windows 7 ou Vista se recusa terminantemente a desfragmentar este tipo de disco. O usuário não consegue sequer inclui-lo no agendamento.

Mas atenção: a maioria dos desfragmentadores de terceiros e os das demais versões de Windows não tomam este cuidado. Se você selecionar um disco de estado sólido e solicitar sua desfragmentação a um destes programas, será prontamente obedecido.

Portanto, se você é o feliz proprietário de um disco de estado sólido – ainda que externo, como o mostrado na figura – por mais que a análise do programa desfragmentador indique que ele está fragmentado e por maior que seja o grau de fragmentação, refreie sua vontade de desfragmentá-lo. Nunca, jamais, em tempo algum submeta um disco de estado sólido (inclusive, naturalmente, seus “pen drives”) a operações de desfragmentação.

Porque não apenas você não obterá qualquer vantagem como certamente arcará com o prejuízo da redução de sua vida útil.

B.Piropo

4 Comentários para “Porque não desfragmentar SSDs”

  1. 1
    Flavio Machado:
    14 maio, 2011 as 16:00

    Pergunta “postada” no Facebook: Seguindo esse raciocínio, pode-se concluir que não faz sentido formatar “pen drives” (a menos que se queira alterar o sistema de arquivos)? Ou seja, o ato de formatar não traria vantagem em comparação ao ato de simplesmente deletar os arquivos contidos no “pen drive”?

  2. 2
    bpiropo:
    16 maio, 2011 as 9:13

    Caro Flávio: Há um tipo de formataçao, denominado “formatação rápida”, que não sobrescreve os arquivos, apenas marca todas as entradas da tabela de arquivos como livres. Esta é a maneira mais rápida de apagar (“deletar”) todos os arquivos de um pen-drive e é aceitável. Porém a chamada “formatação completa”, que sobrescreve todo o conteúdo do “pen-drive”, jamais deve ser feita – exceto, como bem lembrou você, quando se deseja trocar o sistema de arquivos. B.Piropo

  3. 3
    Rafael Damasio:
    22 maio, 2011 as 1:11

    Faltou um botão curtir nessa página hein, informação super interessante e importante. Interessante compartilhar.

  4. 4
    bruno franca:
    8 janeiro, 2012 as 3:58

    Faltou um botão curtir nessa página hein, informação super interessante e importante. Interessante compartilhar. [2]

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  • B. Piropo

    B. Piropo é engenheiro por profissão, professor por prazer e colunista de informática por paixão. Escreve sobre computadores desde 1991. Publica colunas nos jornais Estado de Minas e Correio Brasiliense, no sítio ForumPCs e mantém o Sítio do Piropo em www.bpiropo.com.br.

    Gustavo Guanabara

    Gustavo Guanabara é especialista em Computação, professor universitário e palestrante. Atualmente escreve na revista Wide e gerencia um portal com dicas para a criação de websites. Fundador do Guanabara.info e do Guanacast, um dos principais podcasts de tecnologia do Brasil.

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