Google, Bing e o conceito de sucesso da Mozilla
O anúncio de que a Fundação Mozilla publicou ontem uma versão customizada do seu navegador Firefox que tem o Bing como o site de busca default, no lugar usualmente ocupado pelo Google, deu margem a interpretações diversas.
Boa parte delas tem base no interessante timing do anúncio: o contrato da Mozilla Corporation com o Google, que garante há anos a maior parte dos recursos financeiros do projeto, vence em novembro, e não se sabe se vai ser renovado, ou em que bases.
Para vários analistas, portanto, a exibição em público de uma versão alternativa do Firefox construída em parceria comercial com o maior rival do Google nas buscas poderia ser uma forma de estimular o Google a não querer retirar ou baixar a sua oferta no momento de conversar sobre a renovação.
Seguindo a trilha dos dólares
Na FAQ do relatório anual sobre suas finanças em 2010, a Mozilla se limita a dizer que a maior parte de suas receitas (que foram de US$ 123 milhões no ano) é proveniente de parcerias de buscas, e que a parceria com o Google é a maior entre elas.
No passado recente a organização era mais explícita, tendo divulgado, por exemplo, que 91% do seu faturamento de 2007 veio pelos bolsos do Google. Em anos seguintes a chegada de mais parceiros fez esta dominância se reduzir alguns pontos percentuais, mas sabemos que ela permanece sendo a maior e, portanto, importante para as atividades da Mozilla.
E não faltam outros motivos que apoiam a conclusão destes analistas que a Mozilla consideraria o Bing uma alternativa em relação ao Google: em 2009, por exemplo, um diretor da Fundação chegou a recomendar que os usuários trocassem o Google pelo buscador da Microsoft no Firefox, após uma declaração infeliz sobre privacidade dada pelo CEO do Google na época.
A mera existência do navegador Chrome também é um fator nesta avaliação: o Google criou este projeto após a última renovação da parceria com o Firefox, que foi em 2008. Embora a suposição de que ele continua tendo interesse no tráfego de buscas gerado pelos usuários do Firefox seja evidentemente válida, também parece claro que a importância estratégica deste interesse já não é a mesma de quando ele não tinha seu próprio navegador popular.
Essa questão tem resposta?
Como potencialmente se trata de uma tática de negociação, possivelmente jamais teremos uma resposta definitiva sobre o real significado da medida – veremos se o acordo do Google foi renovado, talvez saibamos em que termos, mas é possível que nenhuma das partes mencione se houve alguma influência do que aconteceu ontem.
A Mozilla, naturalmente, age publicamente como se nada tivesse alguma interpretação adicional. Tanto o anúncio oficial quanto o texto em português enviado ao BR-Linux por um participante na comunidade Mozilla passam completamente ao largo da questão mercantil e do vencimento do contrato com o Google, e ainda coloca água na fervura mencionando que há outras versões similarmente adaptadas para incluir buscadores default alternativos, como Twitter e Yahoo.
E o Google, também naturalmente, não tem nada para comentar a respeito, provavelmente sabe que qualquer valor que oferecer à Mozilla na renovação será bem-vindo, e deve saber fazer muito bem as contas que permitem estimar o valor do tráfego que recebe com o Firefox, ou o valor de manter parcerias estratégicas com instituições que flertam com seu principal concorrente em momentos como este.
O que me chama a atenção: “rastrear, monetizar e vender”
Para mim, a Mozilla, o Google e a Microsoft têm plena liberdade de fazer as associações entre si que melhor lhes agradarem – está claro que as 3 são instituições com interesses em comum.
Também não é como se a Mozilla estivesse às vésperas de assinar um pacto repudiado pela comunidade, uma vez que hoje a Mozilla já possui acordos em vigor tanto com o Google quanto com a Microsoft. E o código-fonte permanece aberto, naturalmente
O que me chama a atenção, entretanto, é uma questão de posicionamento: no seu mais recente relatório anual, publicado há poucas semanas, a Mozilla mais uma vez repetiu que “o sucesso, para a Mozilla, significa que as pessoas não sejam mais um número online que as companhias podem rastrear, monetizar e vender”.
Na minha lista de companhias que concentram esforços em “rastrear, monetizar e vender” o que fazemos na web, Google e Microsoft certamente estariam próximos ao topo – e a instituição que define o sucesso como o oposto a isso, tendo dependido do faturamento de uma delas por tantos anos, agora dá a impressão de se posicionar para trocá-lo pelo outro?
O que mais falta para afastar as suas fontes de faturamento desta definição de sucesso? Definir o Facebook como página inicial do Firefox?
As margens do Firefox na participação no mercado de navegadores vêm se reduzindo mês a mês, mas a Mozilla ainda tem credibilidade que nasce da imagem associada a uma missão com a qual muitos usuários se identificam – apesar da relação umbilical com o Google. À luz dos acontecimentos recentes, torço para que eventuais mudanças sirvam para aproximar-se do conceito de sucesso baseado no respeito à privacidade on-line, e não para margeá-lo!
27 outubro, 2011 as 14:30
Acho válida a análise. Mas uma coisa ficou pendente: A Microsoft, ao contrário do Google, apoia o Do Not Track. Isso daria a justificativa moral que você pede.
9 novembro, 2011 as 10:18
A The Document Foundation anuncia o LibreOffice 3.4.4
LibreOffice em foco na Libre Software World Conference em Saragossa
A Internet, 9 de Novembro de 2011 – A The Document Foundation (TDF) anuncia o LibreOffice 3.4.4, versão melhorada da premiada suíte livre de escritório para Windows, MacOS e Linux. O LibreOffice foi recentemente premiado pelo InfoWorld BOSSIE Award 2011 como melhor software de código Aberto e pelo Open World Forum Experiment Award como software mais popular.
Andras Timar, desenvolvedor da SUSE que gerencia o projeto de localização e tradução do projeto, afirmou “Acrescentamos o idioma escocês gaélico com a ajuda de nosso voluntário Michael Bauer, provando que nossa opção pelo copyleft agrega um excepcional valor para o usuário final, pois hoje o LibreOffice é a suíte de escritório mais importante na proteção da herança cultural a nível mundial, especialmente quando o número de falantes nesses idiomas não interessa para as grandes empresas de software.”
Hoje, a TDF e o LibreOffice estarão em foco na Libre Software World Conference em Saragossa, onde Jesus Corrius – Suplente do Conselho Diretor da TDF- falará sobre “TDF: o lar do LibreOffice”. O LSWC é o evento de software livre mais proeminente para a comunidade falante do castelhano e a presença de um membro do Conselho Diretor da TDF é um testemunho dos esforços que o projeto conduz para a grande comunidade usuários hispânicos, onde cada comunidade local na Europa e nas Américas pode crescer a participar de um único projeto global.
O LibreOffice 3..3 já está disponível para baixar no seguinte link: http://www.libreoffice.org/download/. Extensões pata o LibreOffice estão disponíveis em: http://extensions.libreoffice.org/extension-center.
As alterações no código podem ser vistas em http://tinyurl.com/7wnr89m e http://tinyurl.com/76amf22 .
Blog da The Document Foundation: http://blog.documentfoundation.org/
Sobre o LibreOffice
O LibreOffice é a suíte de programas de escritório livre e de código fonte aberto da The Document Foundation, para Windows, Macintosh e GNU/Linux, que oferece seis programas de muitos recursos para uma ampla gama de produção de documentos e necessidades de processamento de dados: Writer, Calc, Impress, Draw, Math e Base. O suporte e a documentação são fornecidos por uma ampla comunidade de empresas, usuários, contribuidores individuais e desenvolvedores. Estimamos em 25 milhões de usuários no mundo, em dados de 30 de setembro de 2011.
Sobre a The Document Foundation (TDF)
A The Document Foundation é uma organização aberta, independente, autogovernada, meritocrática, montada sobre os dez anos de trabalho dedicados para a comunidade OpenOffice.org. A TDF foi criada na crença de que a cultura de uma fundação independente agrega o melhor dos esforços de empresas e de voluntários, produzirá a melhor suíte de escritório. A TDF está de braços abertos a qualquer indivíduo que concorde com seus valores primordiais, que contribua com para suas atividades, e recebe calorosamente a participação de empresas, por exemplo, através de alocação de pessoal que trabalhe de igual para igual com os demais contribuidores da comunidade. Em 30 de setembro de 2011, a TDF tem 136 membros e mais de mil voluntários e contribuidores ao redor do mundo.
Contatos para Mídia
Florian Effenberger (based near Munich, Germany, UTC+1)
Phone: +49 8341 99660880 – Mobile: +49 151 14424108
E-mail: floeff@documentfoundation.org – Skype: floeff
Olivier Hallot (based in Rio de Janeiro, Brazil, UTC-3)
Mobile: +55 21 88228812 – E-mail: olivier.hallot@documentfoundation.org
Charles H. Schulz (based in Paris, France, UTC+1)
Mobile: +33 6 98655424 – E-mail: charles.schulz@documentfoundation.org
Italo Vignoli (based in Milan, Italy, UTC+1)
SIP Phone: +39 02 320621813 – Mobile: +39 348 5653829
E-mail: italo.vignoli@documentfoundation.org – Skype: italovignoli
GTalk: italo.vignoli@gmail.com