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Kindle Fire: o novo tablet Android mais popular não roda Android – ou algo assim

seg, 30/01/12
por augusto |
categoria Google, Hardware
| tags Amazon, Android, Apps, Kindle

O tablet Kindle Fire, lançado nos EUA em novembro pela Amazon, chegou ao mercado conquistando índices de popularidade surpreendentes – mas a sua inclusão na categoria “tablets Android” não é tão direta quanto a de produtos como o Galaxy Tab ou o Xoom.

Existem várias formas de medir a popularidade de plataformas, e a medição periódica mantida pela Flurry Analytics se aproxima das medições de audiência da televisão: não contabiliza aparelhos produzidos ou comprados, mas sim o seu uso, medido a partir do número de execuções de aplicativos pelo usuário.

Para isso os recursos da empresa estão em uso por mais de 120.000 aplicativos nas principais plataformas móveis, o que permitem a ela coletar mais de 20 bilhões de informações (agregadas e anônimas) sobre sessões de uso todos os meses, o que gera uma série de informações sobre perfis e tendências, incluindo a que é hoje nosso foco.

Em nota recentemente divulgada, a empresa – que estima coletar informações de sessões de uso em mais de 90% dos tablets Android em operação – permite analisar os efeitos da chegada do Kindle Fire sobre o mercado, uma informação interessante não apenas para os usuários, mas também para os desenvolvedores de apps e de conteúdo atentos aos seus canais de distribuição.

E basta uma breve olhada nos 2 gráficos acima para perceber o contraste entre a situação de novembro (à esquerda), mês de lançamento do Fire e no qual ele tinha apenas 3% das sessões de uso para fazer frente às 63% da grande família Galaxy Tab, e a de janeiro, em que o tablet da Amazon pulou para 36%, uma fatia do mesmo tamanho da ocupada pelo antigo participante majoritário, lançado em 2010 – e vale destacar que o empate é devido ao arredondamento do gráfico, pois nos números da pesquisa o recém-chegado já ultrapassou o veterano.

Chegou chegando

Não se trata de uma mera questão de vendas, e o fato de a Amazon não divulgar com clareza a quantidade de vendas do Kindle Fire isoladamente (ela publicou apenas o número agregado de todos os kindles, do mais singleo leitor de ebooks ao fire: 4 milhões em dezembro) não permite todas as análises que seriam desejáveis, mas certamente trata-se de uma grande arrancada e de uma comprovação de que o Fire chegou sacudindo o seu mercado.

A situação das demais fatias do mercado apresentadas pela Flurry também é interessante, inclusive por apresentar mais claramente a relação entre os carros-chefe da Asus, Acer e Motorola (a fatia do Motorola Xoom, que no período vendeu 200.000 unidades, equivale a pouco mais da metade de cada uma das outras duas), e em especial sobre os sintomas de renovação que apareceram no fim da fila: o Toshiba Thrive, que não aparecia em novembro, agora está com 3% e colando no Xoom, ao passo em que a categoria “Outros” pulou de 4% para 7%.

Voltando ao novo líder, a Flurry atribui o salto no uso do Kindle Fire às vendas de Natal, como seria de se esperar, mas também ao desempenho da Amazon App Store, fonte de apps para o aparelho.

Quanto às vendas de Natal, trata-se de um efeito similar ao da maré que sobe e eleva todos os barcos. No que diz respeito à quantidade total das sessões de aplicativos Android contabilizadas, o período da pesquisa viu seus números triplicarem, e o próprio Galaxy Tab sozinho alcançou mais do que o dobro do seu número no trimestre anterior, em números absolutos.

Um elemento a mais de impulso para o Fire diz respeito a algo que estimula os desenvolvedores de aplicativos, fundamentais para o sucesso de qualquer plataforma móvel moderna: a partir dos dados a que tem acesso de apps do Android Market e da Amazon App Store, neste trimestre a Flurry verificou que para cada 2 apps comprados pelos usuários do segundo colocado, os usuários do Kindle Fire compraram 5.

É e não é

Tudo indica que a forma como a Amazon oferece e entrega o Kindle Fire aos seus clientes (preço mais baixo, foco no conteúdo e não nas especificações de hardware, e outros detalhes contrastantes) fez com que ela tivesse melhores condições de aproveitar a maré cheia do final do ano do que os seus concorrentes que já estavam remando há mais tempo, o que potencialmente terá reflexos positivos não só na adoção do produto, mas especialmente na chegada de mais desenvolvedores à Amazon App Store, que também pode ser usada por quem adquiriu aparelhos rodando Android.

O que nos leva à questão mencionada no título: embora o sistema operacional que roda no Fire seja um descendente direto (e modificado) do código aberto do Android 2.3, a Amazon não o chama publicamente de Android nos materiais de divulgação, não tem compromisso formal de manter compatibilidade com versões futuras do Android, e nem tem a necessária homologação para integrar-se ao ecossistema que o Google mantém para o sistema ao redor do Android Market – nem a deseja, claramente.

A compatibilidade que permite rodar apps do Android no Fire, bem como as naturais similaridades hoje existentes entre o sistema original e o recente fork feito pela Amazon (que cada vez mais esconde as características do Android sob sua própria camada de interfaces), para mim é uma boa justificativa para que estatísticas atuais mantenham o Fire no grupo dos “tablets Android”, mas fico curioso para ver por quanto tempo os 2 sistemas vão ser vistos como idênticos.

Mas o que me deixa mais curioso é o que o Google vai fazer nos próximos meses com respeito às suas próprias estatísticas que ocasionalmente divulga a desenvolvedores e ao mercado em geral: vai contar os dados de uso do Kindle Fire como se fossem de aparelhos Android, ou vai tratá-los como uma nova categoria entre os concorrentes? Logo descobriremos e comentaremos.

Por enquanto, resta continuar a acompanhar o crescimento do Fire e – caso o produto e a sua App Store associada lhe interessem – torcer pela breve chegada ao varejo brasileiro.

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Raspberry Pi: o computador de US$ 25 agora roda XBMC (1080p!) e AirPlay

dom, 22/01/12
por augusto |
categoria Hardware, Programação

O Raspberry Pi é uma promessa interessante que já dura algum tempo, mas as notícias recentes de que as unidades iniciais entraram em etapa de fabricação levam a crer que ela está próxima a se concretizar para seus primeiros usuários: trata-se de um diminuto computador em uma placa só, feito para custar menos de R$ 70 (na Inglaterra, seu país de origem).

Projetado para rodar Linux, o Raspberry Pi tem o tamanho aproximado de um cartão de crédito e aproveita vários detalhes tecnológicos típicos de celulares, incluindo seu processador ARM de 700MHz, a memória RAM de meros (no mundo PC, claro) 256MB, e a ausência de armazenamento tradicional: um cartão SD é responsável pela persistência dos dados e dos softwares.

A ideia por trás do projeto é bastante interessante: a fundação sem fins lucrativos responsável pela iniciativa pretende colocar este aparelho tão barato (e aberto) ao alcance das escolas, para promover o estudo da ciência da computação (e não do mero uso e operação de computadores) e voltar a torná-lo divertido – especialmente por meio do aprendizado da programação.

O Raspberry Pi como conceito existe em 2 modelos diferentes: o modelo A, cujo preço projetado é US$ 25, tem 120MB de RAM, uma porta USB e não vem com interface de rede local; já o modelo B tem 256MB de RAM, 2 portas USB e porta de rede local 10/100, e está projetado para custar US$ 35.

Ambos os modelos suportam teclado e mouse USB, têm saídas de vídeo RCA e HDMI, consomem menos do que 4W (podendo ser alimentados por uma conexão USB) e têm suporte listado a distribuições como Debian, Fedora e Arch Linux.

A intenção de “voltar a tornar divertido” o aprendizado da computação é uma referência que quem aprendeu a lidar com computadores na era de ouro dos computadores domésticos de 8 bits, quando programar era quase uma necessidade para interagir com os aparelhos, cuja interação default frequentemente exigia entender alguns comandos em linguagem BASIC, que levavam a outros, e mais outros, até o usuário se perceber programando.

Não por coincidência, boa parte do impulso da iniciativa foi dado por alguém que viveu intensamente aquele período: David Braben, que quando ainda estava na faculdade co-criou o jogo Elite, grande sucesso no gênero mercador/pirata espacial no início da década de 1980, responsável por longas horas que gastei em frente a um TK-95 e a um HotBit poucos anos depois.

Pessoalmente, torço para que a ideia do Raspberry Pi tenha sucesso e que uma nova geração de programadores cujo envolvimento com a arte e técnica do desenvolvimento de software tenha nascido do interesse em genuína diversão que se converte em aprendizado valioso.

E as novas demonstrações do protótipo do Raspberry Pi rodando aplicativos multimídia demonstram que ele pode ter fôlego para sustentar boa parte das ideias que essa nova geração de amadores curiosos pode querer experimentar.

Seguindo a demonstração feita em agosto de um protótipo do aparelho rodando o jogo Quake III, agora nas semanas iniciais de 2012, e às vésperas do prazo esperado para o produto começar a ser entregue aos primeiros usuários, os desenvolvedores divulgaram um vídeo do popular aplicativo de media center XBMC rodando no Raspberry Pi exibindo um vídeo de 1080p sem soluços. Eles avisam que, caso o XBMC não seja incluído na distribuição default de software para o aparelho, certamente haverá ao menos a opção de fazer o download de um executável pronto para usar.

Outra demonstração recente e interessante do potencial do aparelho também foi apresentada pelos desenvolvedores: trata-se de um aplicativo que habilita o diminuto computador a receber streamings AirPlay, da Apple, e que foi demonstrado em um vídeo que exibe a imagem de um clip no app YouTube rodando em um iPad sendo exibida na TV conectada ao Raspberry Pi.

Além de demonstrar o desempenho do aparelho (ou da versão beta de sua placa, mais propriamente), ambos os vídeos permitem ver na prática as conexões e mesmo o layout do aparelho. Se chegar ao Brasil a um preço razoável, certamente vou ter interesse em comprar alguns ツ

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Não é um pen drive: é um PC completo que roda Ubuntu e Android

sex, 18/11/11
por augusto |
categoria Código aberto, Hardware

Que tal um pen drive mágico que você pudesse plugar diretamente na porta HDMI de qualquer TV moderna (ou monitor…) e a transformasse assim em um computador completo que pode ser controlado a partir do seu smartphone – ou de um teclado e mouse Bluetooth, se você preferir?

É esta a ideia do Cotton Candy, esta belezinha que você vê na imagem acima. Com ele você pode dar bem mais inteligência e utilidade à TV da sala, pode levar consigo os seus dados e aplicativos para usar em qualquer lugar que tenha uma TV de alta definição ou outra tela com entrada HDMI, e pode ainda montar a forma definitiva de fazer apresentações, exibir filmes ou até mesmo jogos compatíveis.

Mas o funcionamento plugado a um conector HDMI não é o único truque que o Cotton Candy tem na sua manga: se ele for espetado na porta USB de um computador, ele fará algo ainda mais curioso: rodará hospedado, como um segundo computador (que ele realmente é) que compartilha a tela, teclado e mouse (ou trackpad) do computador no qual está plugado. A tela dele passa a ser exibida como uma janela no computador hospedeiro.

Mas não se engane: não se trata de virtualização, mas sim de um computador completamente à parte, com seu próprio processamento funcionando de maneira independente. E este conector USB tem mais uma função importante: é por meio dele que o Cotton Candy recebe alimentação elétrica quando funcionando no modo HDMI.

No momento o Cotton Candy ainda é um protótipo, mas já alcançou um grau de funcionalidade suficiente para dar aos seus produtores confiança suficiente para demonstra-lo à imprensa nesta semana.

Os detalhes do funcionamento ainda não estão claros, mas já se sabe que ele foi projetado para rodar Ubuntu ou Android 2.3, e foi com este último que ocorreu a demonstração à imprensa.

Dentro do seu diminuto corpo podem ser encontrados uma CPU ARM 1,2GHz de 2 núcleos, uma GPU ARM de 4 núcleos, 1GB de RAM e até 64GB de armazenamento microSD, além do suporte à conectividade Wifi e Bluetooth.

A possibilidade de usá-lo como um player multimídia é tão evidente que seus criadores até mesmo destacam a sua capacidade de processar vídeo até 1080P em uma variedade de formatos populares, incluindo MPERG4 e H.264.

TVs “inteligentes”, capazes de buscar conteúdo na web e até de rodar alguns aplicativos, já não são novidade. Mas um recurso como o Cotton Candy tem potencial de deixá-las inteligentes – sem as aspas – e permitir que você escolha quais os aplicativos e conteúdos que deseja rodar, sem os limites impostos pelos fabricantes.

Mais do que isso, este diminuto aparelho pode oferecer este grau de inteligência e funcionalidade adicional até mesmo às TVs de alguns anos atrás, sem nenhuma opção de conectividade on-line ou de aplicações que vão além de mostrar o que as emissoras transmitem.

O Cotton Candy está previsto para ser comercializado no segundo semestre de 2012, a um preço inferior a US$ 200. Tomara que a ideia pegue e seja seguido por muitos aparelhos similares!

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Chromebook e o “sonho” do Network Computer

ter, 17/05/11
por augusto |
categoria Google, Hardware, Nostalgia
| tags 1984, Chrome OS, Google, Mercado

Um computador pessoal que serve apenas como canal para recursos externos pode ser um sonho ou um pesadelo, dependendo de como você o analisar.

A versão moderna deste conceito, materialixada em uma linha de dispositivos chamados de Network Computer, geralmente sem disco local, com pouco poder de processamento, baixo custo, servindo essencialmente como interface entre o usuário e recursos informatizados que residiriam “na rede”, vem datada corporativamente de 1996, quando a Oracle (com parceiros como Sun e IBM) tentou fazê-la pegar no mercado.

Era uma época em que muitos de nós tínhamos PCs em casa, a Internet comercial no Brasil era um fenômeno recente, e muitos de nós sonhávamos com o ganho de desempenho que poderíamos ter quando conseguíssemos fazer um upgrade para um modem discado de 56Kbps.

Mas as grandes empresas já dispunham de conexões (ao menos as de redes locais) de velocidade mais alta, e naquele tempo a ideia de Network Computer (como o Acorn Netstation de 1996, mostrado na foto acima) não tinha como pressuposto básico a conectividade à Internet – servidores locais eram um foco forte.

Na época, a ideia em si acabou não vingando, por fatores diversos – incluindo o barateamento dos componentes de hardware para montar computadores completos -, e acabou se aposentando na virada para o século XXI, embora antecessores (como os terminais) e concorrentes (como os thin clients) floresçam até hoje.

A novidade vem em ondas

Mas se o sonho da Oracle não virou realidade na época, a ideia de transformar o computador do usuário final em uma mera interface para recursos disponíveis em um ponto central também não morreu.

A explosão da popularidade da Internet, alimentada e alimentando uma expansão da velocidade das conexões típicas, conduziu a uma realidade em que muitos serviços que anteriormente eram armazenados e processados no computador de cada usuário passassem a ser oferecidos cada vez mais via web.

Os assim chamados “aplicativos na nuvem” hoje são vistos com naturalidade até mesmo por pessoas que algum dia já passaram dificuldade tentando fazer o Trumpet Winsock (ou o minicom do Linux) discar para o provedor para conseguir uma conexão à Internet a 9600 bits por segundo (ou bem menos que isso – eu já me conectei à internet fazendo interurbano com um modem de 1200bps…)

Em suma, acabamos chegando a um momento em que o navegador web é o principal ambiente operacional visualizado por muitos usuários, chegando em alguns casos a ser o único.

O Chromebook é o herdeiro

E é neste cenário que acabamos de ver, na semana passada, a apresentação do Chromebook, que pode ser visto alternativamente como o herdeiro ou a reencarnação do Network Computer de 15 anos atrás – especialmente quando consideramos a coincidência de que Eric Schmidt, CEO da Google durante a gestação do novo produto, foi CTO da Sun quando a ideia do Network Computer estava sendo concebida por lá.

O Chromebook é um computador móvel otimizado para a web, e construído (por várias empresas parceiras do Google – o da foto abaixo é da Samsung) para ser uma janela para a Internet por meio dos serviços do Google.

Toda a sua interação ocorre dentro ou ao redor do navegador Chrome, e até mesmo o login do usuário ocorre pela sua conta no Google, embora haja providências crescentes para permitir que as aplicações web (como o Gmail, ou o Google Docs) possam continuar sendo usadas caso o Chromebook fique offline.

No âmago do seu ser, ele roda o kernel Linux e vários outros softwares livres, mas estes não estão configurados da forma usual, que permitiria ao usuário grande amplitude de opções: o sistema é todo montado para servir à opção já escolhida pelo Google, de oferecer um ambiente específico, simples, único e estanque (ao menos da porta da rua pra dentro, como se diz).

Há oportunidade de variação quase infinita, naturalmente, mas ela ocorre dentro da janela do navegador, acessando a Internet – ou dando um jeito de reinstalar o sistema operacional, para transformar o Chromebook em um singelo netbook comum.

Gestores, usuários e você

Sob o ponto de vista de negócios, a proposta que o Google trouxe para os gestores corporativos e educacionais parece muito boa. Para os usuários, resta observar (e só poderemos fazê-lo apropriadamente a partir do mês que vem), mas não duvido que muitos vejam de forma positiva esta solução bem amarrada em um belo pacote.

Pessoalmente, já usei netbooks ao longo de meses sem precisar de nada além do navegador – e às vezes vendo o que estava presente além do navegador como um obstáculo à minha produtividade. Mas quando algo inesperado acontecia, era bom ter os aplicativos locais, a possibilidade de um login local, o armazenamento local, e a possibilidade de funcionar sem conexão.

Tenho curiosidade de experimentar um Chromebook para ver se na prática ele deixa ocorrer a mesma demanda, mas minha curiosidade maior é ver como o grande conjunto dos usuários finais vai reagir a ele – aqui e lá fora. Minha impressão é de que o nicho que ficará satisfeito com as vantagens permitidas pela funcionalidade restrita oferecida pelo aparelho é considerável, mas veremos bastante barulho a cada vez que algum “formador de opinião” tropeçar nas limitações.

Uma coisa é certa: o mercado (produtores de hardware, de software e distribuidores de conteúdo) se encaminha nessa direção, rumo ao “Network Computer do século 21″. Minha dúvida é: será que este título vai chegar a ser conquistado pelo Chromebook, ou ele será mais um dos que se aproximarão sem atingir, abrindo caminho para um produto futuro que agrade melhor ao consumidor?

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“…Então esse tal de tablet não serve pra nada”

qui, 14/04/11
por augusto |
categoria Google, Hardware
| tags Android, iPad, Mercado, Tablets, Xoom

Ah é?

Os preços distorcidos praticados no cenário (tributário e logístico) brasileiro, bem como a tendência do público geek de comparar tecnologias distintas usando apenas as tradicionais métricas baseadas em megahertz e gigabytes, fazem com que continue persistindo o meme que diz “ainda estou esperando alguém me mostrar pra que serve um tablet”.

Só que enquanto persiste a negação de alguns, como se a fase anterior da evolução da computação pessoal estivesse agendada para ser eterna, os proponentes da mobilidade avançam.

Para ficar no exemplo do mais popular entre eles, a taxa de adoção do iPad, em 2010, foi mais acentuada do que a de outros grandes sucessos de público, como o DVD player (1997) ou o iPhone original (2007).

A recepção do consumidor aos tablets foi tão calorosa que, segundo números do IDC e Deutsche Bank ainda durante o ano passado, se os iPads fossem considerados computadores, a Apple – que vendeu 14,8 milhões de iPads no ano – teria sido a maior vendedora de computadores nos EUA em 2010, ultrapassando com facilidade HP, Dell e Acer.

O ano virou, o Google lançou uma versão do Android projetada especificamente para os tablets, e o primeiro dispositivo a fazer uso dela – o Motorola Xoom – está para chegar ao Brasil nas próximas semanas, a R$ 1899.

Quando ele chegar, e por este preço, teremos oportunidade de ver como o consumidor brasileiro irá compará-lo à concorrência, que hoje se apresenta na forma de tablets da Samsung com versões do Android para celular, do próprio iPad, de tablets de marcas ou procedências menos conhecidas com versões anteriores do Android, além dos netbooks, da possibilidade de uma queda de preços devido à ampliação da produção nacional e da própria expectativa da chegada do iPad 2 e de outros tablets com Android 3.0 prometidos para os próximos meses nos EUA e aqui.

“(…) então os tablets não servem para nada”

Enquanto isso não acontece, entretanto, permanece visível a mesma pergunta refratária que vejo ser repetida há mais de 1 ano, sobre para que serve um tablet – e não importa a resposta que seja dada, quem perguntou depois sempre responde “ah mas pra isso prefiro meu (netbook | notebook | PC | ábaco), portanto o tablet não serve pra nada”.

Pessoalmente acredito que quem já viu para que se usa um tablet e prefere seu netbook deve permanecer feliz com este último – não há nenhuma obrigação de aderir ao tablet. O que eu discordo é da conclusão (que às vezes é apenas implícita) de que “então o tablet não serve para nada”.

Mas para quem tem a dúvida genuína sobre o que estes milhões de usuários estão fazendo com seus tablets, o Google (que tem profundo interesse no assunto) resolveu dar uma mãozinha, e conduziu uma pesquisa com usuários (de fora do Brasil) de iPads e tablets com Android, para levantar seus hábitos de uso.

Os resultados acabaram de ser publicados, e traçam um perfil interessante, e de certa forma surpreendente, do uso das modernas lajotas eletrônicas – que, apesar de tão portáteis, vêm sendo usadas primariamente nos ambientes domésticos.

Analisando as manchetes internacionais sobre a pesquisa, vi ênfase em 3 pontos distintos: ou era “usuários começam a adotar tablet como seu principal computador”, ou “maioria dos usuários mantém o tablet em casa” ou a parcialmente equivocada “usuários adotam tablets principalmente para jogos”.

A minha visão da tônica da pesquisa é outra. Se eu a traduzisse em um (mau) lead de notícia, seria assim: “agora que sabemos mais sobre como os tablets são usados, é hora de ajustar nossas estratégias”. Veremos a seguir as razões.

E como os tablets estão sendo usados?

O uso dos tablets, aferido na pesquisa, deixa um pouco mais claro quais são os concorrentes que mais precisam ter atenção à mudança em andamento, começando pela Nintendo, Sony e similares: 84% dos pesquisados dizem usar o tablet para jogar (e não, como alguns analistas interpretaram erroneamente, que os jogos são o principal uso dos seus tablets).

Mas há outros usos com alta taxa de adesão também. Logo abaixo dos jogos vêm as pesquisas: 78% dos usuários informaram que usam seus tablets para buscar informações. Em seguida está o correio eletrônico: 74% dos usuários usam seus tablets para e-mail.

Entre as 3 aplicações acima e a próxima há um salto considerável: mais de 10 pontos percentuais de diferença. Mas é no quarto item da escala que o meu próprio uso principal de tablets nos últimos meses se encontra: a leitura de notícias, apontada por 61% dos pesquisados. No meu caso, o uso criativo de ferramentas de agregação presentes nos tablets vem substituindo o hábito diário de leitura de sites de notícias (diretamente ou via RSS) no computador.

A partir daí, em escala decrescente, os usos declarados são o acesso a redes sociais, o consumo de entretenimento (vídeos, música), a leitura de e-books e as compras on-line.

E em que isso nos afeta?

Em primeiro lugar, a pesquisa oferece uma resposta (sem ser baseada em preferência individual) para quem se defrontar com a pergunta “mas para que servem os tais dos tablets?” – agora pode-se responder que, segundo pesquisas, a maioria dos usuários os usam das formas apontadas pela pesquisa.

Claro que isso não impedirá a réplica “ah, faço tudo isso no meu netbook, então não serve pra nada!”, mas a torna ainda menos embasada do que antes, já que contrapõe a uma pesquisa mais ampla uma mera experiência individual.

Mas em segundo lugar, e mais importante, o resultado da pesquisa permite até mesmo a quem não é fã de tablets direcionar suas escolhas estratégicas. Em especial, os desenvolvedores de aplicativos open source (geralmente às voltas com restrições de recursos) que hoje estão firmemente voltados ao desktop podem começar a analisar se é o caso de começar a planejar uma transição (que já pode até estar atrasada) para um modelo que atenda bem aos usuários de tablets, ou se é melhor aguardar uma nova pesquisa futura ou a chegada de mais dados que permitam identificar melhor a tendência.

Claro que os usuários continuarão tendo o direito permanente à negação das tendências que eles quiserem. Até os desenvolvedores, distribuidores e operadores de softwares livres têm este direito – mas no caso destes, o melhor é que estejam dispostos a analisar tendências e saber a hora certa de passar da negação à reação!

6 comentários »

  • Augusto Campos

    Augusto Campos mantém o BR-Linux.org, site da comunidade Linux brasileira que está no ar desde 1996. Especialista em implantação de software livre, atua na cena open source brasileira desde seu início.

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