Nunca antes na história da internet brasileira
A internet tupiniquim presenciou nos últimos meses uma verdadeira corrida ao ouro. Algo nunca antes visto na historia dos negócios online brasileiros. Em poucos meses um novo segmento de mercado surgiu, cresceu e, mais impressionante, inchou. Estou falando dos agora tão famosos sites de compras coletivas.
De abril de 2010, quando estreou o primeiro site de compras coletivas no Brasil, até a data em que esse artigo foi escrito sugiram pelo menos 40 sites com o mesmo objetivo. Desde o início da internet comercial por aqui, nunca houve um segmento que tenha atingido tal quantidade de envolvidos em tão pouco tempo, com números tão expressivos.
Esse episódio da historia das nossas startups mostra a maturidade que o mercado de empresas digitais atingiu, bem mais consistente daquela maturidade vista às vésperas da fatídica bolha de 2000. Parece ser a cereja do bolo da receita de maturidade na qual a internet brasileira vem sendo cozinhada desde 2004.
Esses sites estão dando tão certo porque atingiram um segmento que nenhuma das grandes empresas de internet do mundo conseguiu atender com eficiência, o mercado local. O triunfo veio de um modelo simples de funcionamento atrelado ao segmento ávido por tirar proveito da internet sem que fosse necessários grandes investimentos. Uma pequena empresa que anuncia num site de compra coletiva nem precisa ter um excelente site. Nem se quer precisa fazer investimento prévio. Só precisa abrir mão de parte, não tão pequena, do preço de venda do produto ou serviço. Criou-se uma nova opção de publicidade muito mais focada em resultados (vendas) do que eyeballs (banners e outros formatos). Temos que concordar que, em se tratando de mídia baseada em performance de vendas, não temos muitas opções comparado a imensidão de opções de publicidade baseada em exposição (CPM) ou performance de visita (CPC).
O fato mais interessante é que esse modelo de negócio, mesmo com todo esse crescimento alucinante não parece estar desanimando. Não é por menos. Nunca faltarão pessoas interessadas em um bom desconto. Além disso, apesar de já podermos falar em saturação em algumas cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, a dimensão continental do nosso país com mais de 5.500 cidades permite ainda o surgimento de novos sites focados em cidades cada vez menores. Pense ainda nas possibilidades de explorar esse modelo de negócio em segmentos específicos como compra coletiva somente para mulheres, para jovens, para mães, etc.
Não é só a quantidade de novos sites que mostra esse fenômeno. Números referentes a quantidade de usuários e do trafego de acesso a esses sites, além da volumosa cobertura por parte da mídia mostram que o segmento está pra lá de aquecido.
O site Peixe Urbano, o primeiro a conquistar 1 milhão de usuários, conseguiu essa façanha em apenas 154 dias. Para efeito de comparação, o Facebook levou 11 meses para conquistar a mesma quantidade de usuários. Em 4 meses, as menções da mídia aos sites de compra coletiva cresceram pelo menos 240%, segundo o Google News. E não estou falando de mídia especializada. Estou falando de programas de TV como o Fantástico e periódicos como a Veja.
O crescimento repentino é também explicado pelas baixas barreiras de entrada. A simplicidade do modelo requer um sistema igualmente simples, capaz de ser desenvolvido por qualquer desenvolvedor com alguma experiência em aplicações web. Com muito pouco investimento é possível criar um site com esse serviço e começar a angariar anunciantes, que, a essa altura do campeonato, estão fazendo fila para anunciar.
Mais do que nunca, vivemos um excelente momento na internet brasileira. Temos uma base de usuários consistente e crescente, hábitos de acesso que nos fazem liderar os rankings de tempo de uso da internet, segmentos de mercados absolutamente fortes e representativos como o e-commerce, portais de conteúdo e publicidade. O Brasil está caminhando a passos largos para se tornar uma forte economia global. Nosso mercado de internet irá crescer junto. Nós, empresários e profissionais do mercado digital, temos a obrigação de acreditar nesse potencial e tornar possível que outros novos segmentos surjam e sejam tão ou mais significativos que o recente fenômeno dos sites de compras coletivas.
Referências:
1 Milhão de Cadastrados no Peixe Urbano
Buscapé Compra Agregador de Compras Coletivas Zip.me (Agora SaveMe)
10 dezembro, 2010 as 1:38
Olá Fábio,
Bacana você voltar a escrever. Como sempre artigos interessantes e com uma visão empreendedora.
A primeira vez que vi seu nome foi no seu blog versão txt e consequentemente outras coisas relacionadas a
sua empresa, midias sociais e empreendedorismo.
rss assinado
[]
13 dezembro, 2010 as 3:56
Fábio, apenas uma atualização, já são mais de 246 sites de compras coletivas no Brasil, segundo esta matéria: http://www.bolsadeofertas.com.br/mercado-de-compra-coletiva-ja-tem-246-sites/ Fato que tem sites nesta lista que na verdade são agregadores, mas enfim.
Namastê
Alexandre Viveiros
23 dezembro, 2010 as 19:34
Só um adendo…
Não basta um Sistema Web de Vendas + Anunciantes… você precisa fazer propaganda do seu SiteDeCompraColetiva.com para atrair CLIENTES, é onde está a maior dificuldade ($$$$$) de quem começa nesse negócio sem um Investidor, vai ficar limitado.
Para conseguir 1 milhão de clientes você precisa de muita, muita, muita grana em publicidade.
Mas de resto, é um bom modelo de negócio que se for bem trabalhado pode se tornar tendência.
27 dezembro, 2010 as 16:57
Fábio,
muito interessante sua análise do cenário de compras coletivas. Interessante observar que no momento do seu post, menos de 15 dias atrás você cita 40 sites, no comentário do Alexandre alguns dias depois ele aponta 246 e recentemente o próprio blog Bolsa de Ofertas aponta mais de 400 sites de compra coletiva no Brasil.
O segmento está tão aquecido que possibilita o surgimento de produtos complementares a esses sites, como o serviço que lancei recentemente chamado Organizaí, que ajuda uma pessoa que já comprou em vários sites de compra coletiva a organizar suas ofertas em um só lugar e não perder as datas de vencimento. Ouvimos várias depoimentos de pessoas que se empolgaram, compraram vários cupons e acabaram esquecendo do prazo. Daí surgiu a ideia do produto.
Também surgiram os agregadores de ofertas como o SaveMe, que com menos de um mês no ar foi comprado pelo Buscapé e em breve teremos vários sites de troca e venda de cupons.
Para esses sites complementares o modelo de negócios ainda não é tão claro, mas vai ser muito bom acompanhar tudo isso em 2011!
Boas festas pra você.
Abs,
André Fonseca
http:/www.organizai.com.br