Nesta segunda-feira, Steve Jobs, diretor-executivo da Apple, apresentou um novo serviço baseado na computação em nuvem, o iCloud, que será compatível com todos os dispositivos da fabricante. O anúncio aconteceu no Apple Worldwide Developers Conference 2011, que acontece em São Francisco, EUA.
A apresentação do serviço foi feita para cerca de 5.200 pessoas, logo após o anúncio do novo MacOS Lion e do iOS 5, os novos sistemas operacionais para computadores e dispositivos móveis da Apple, respectivamente.

Apple centraliza suas informações na nuvem
Jobs começou a apresentação do iCloud dizendo que há 10 anos ele acreditava que o computador se tornaria uma espécie de "hub" na nossa vida, guardando as fotos, músicas e várias outras coisas relativas a nossa vida. "Basicamente você vai sincronizar qualquer coisa no seu Mac e eles funcionarão bem", prometia.
No entanto, pelo fato de os dispositivos eletrônicos sempre mudarem, Jobs revelou que a empresa nunca conseguiu criar um sistema que funcionasse perfeitamente. Como a demanda atual é a de ter 'tudo o que você tiver de conteúdo em qualquer lugar e a qualquer hora', a equipe de desenvolvedores da Apple procurava uma solução para acabar com o trabalho de sincronização entre tantos os aparelhos.
"Então nós achamos a solução para esses problemas. Nós vamos transformar os PCs e os Macs em simples dispositivos", disse Steve Jobs. "Nós vamos mover esse hub digital, o centro da sua vida digital, para dentro da nuvem".
Com essas palavras Jobs apresentou o novo iCloud, que armazena todo o conteúdo que você tiver em todos os seus aparelhos em um enorme servidor, utilizado como 'nuvem'. O serviço, uma evolução do MobiliMe, aposentará o antigo serviço e será disponibilizado para todos os usuários gratuitamente (que, inclusive, terão acesso a uma conta com 5Gb gratuitos e e-mail @me.com).

O sistema é constituído por nove serviços, que serão responsáveis por sincronizar automaticamente seus contatos, calendários, e-mails, músicas, apps e livros comprados, além das fotos e vídeos, e das configurações dos dispositivos e dos aplicativos.
Apesar de gratuito, não haverá publicidades para o serviço. Outro detalhe é que a sincronização dos dados é feita diariamente e apenas pela rede Wi-Fi. "Tudo acontece automaticamente e não há nada de novo para aprender. Tudo simplesmente funciona", declarou Jobs.
Os aplicativos que atualmente funcionam com o MobileMe serão refeitos para trabalhar com o iCloud, e por enquanto, como disse o diretor-executivo, o serviço ainda não funcionará em outras plataformas móveis.

Edição de documentos e sincronia automática de fotos
Outra novidade relacionada ao iCloud é o Documents in the Cloud, que salva e torna acessível todos os seus documentos criados ou editados no Pages, Numbers e Keynote, os aplicativos de produtividade da fabricante.
O sistema, que já era pesquisado pela Apple há anos para resolver um velho problema de mover arquivos entre vários dispositivos diferentes, é compatível com todos os dispositivos com iOS e, inclusive, Macs e PCs. Uma API disponibilizada pela Apple também permitirá que aplicativos de terceiros consigam ter acesso a esses arquivos.
O mesmo funcionamento também foi empregado no Photo Stream, que guardará suas fotos em sua conta na nuvem por 30 dias. Apesar de já haver serviços semelhantes, um dos diferenciais é o Eddy Cue, que repassa foto pelo WI-Fi para outros dispositivos. No exemplo dado por Jobs, uma foto tirada em um iPhone é automaticamente exibida em um iPad, sem sequer ser exibida na tela iPhone.
AppStore e iTunes reformulados pela nuvem
Com a inclusão do iCloud, a AppStore e o iTunes ganharam novas funcionalidades, como a exibição de apps comprados pelo usuário em uma aba dedicada. "Você pode passar todas as suas músicas e vídeos comprados na AppStore de um dispositivo para o outro. Todas as suas compras serão exibidas em uma aba separada, apenas com os itens comprados", disse Jobs, que também extende a funcionalidade ao iBook.
Ainda na apresentação, Jobs anunciou o novo iTunes in the Cloud, que passará a associar os seus arquivos a uma conta na nuvem, e não mais a um dispositivo. "Tudo o que eu comprei eu posso fazer download em qualquer um dos meus dispositivos sem despesas adicionais".
Já no final da apresentação, Jobs, repetindo o bordão "one more thing" ('mais uma coisa'), geralmente acompanhado de algo surpreendente, declarou:
"Com 15 bilhões de músicas (no mundo), temos um monte de músicas por aí. Mas, talvez alguns desses títulos você mesmo tenha rippado", declarou. A solução para essas músicas convertidas em MP3 e não compradas no iTunes, para Jobs, pode ser solucionada de três maneiras: sincronizando seus dispositivos via WiFi ou cabo; comprando as músicas no iTunes; ou usando o iTunes Match.

O novo serviço iTunes Match escaneia suas músicas, verificando se os álbuns/títulos estão disponíveis para compra no iTunes. Se estiverem, "nós vamos dar a essa música os mesmos benefícios de uma música comprada no iTunes". Em outras palavras, o iTunes Match reconhecerá suas músicas e automaticamente dará os diretos de um título comprado no iTunes.
Parte da razão do serviço de dar os 'direitos' de uma música é eliminar a necessidade de você ter que fazer o upload de todas as suas músicas para a sua conta, e se aproveitar do fato de ela já estar disponível no iTunes. Com isso, seu funcionamento, ao contrário de outros serviços na "nuvens", demorará apenas alguns minutos, já que não é necessário fazer uploads
Se o título for encontrado, o usuário poderá baixar a versão do iTunes em AAC e com 256kbps de qualidade, sem proteção DRM. Caso contrário, as músicas não achadas serão colocadas em sua conta na nuvem, consumindo espaço na sua conta. O iTunes Match custará US$24,99 por ano, independentemente da quantidade de músicas que o usuário possuir.
O beta do serviço foi lançado nesta segunda-feira e o serviço já será configurado como padrão no novo iOS 5. Como explicado, todos os usuários terão 5Gb de armazenamento de mensagens e outras coisas, com exceção do PhotoStream e das músicas, que não contam.