Everybody’s Gone to the Rapture é um título exclusivo para PlayStation 4, desenvolvido pelo estúdio britânico The Chinese Room (mesmo criador de Dear Esther e Amnesia: A Machine for Pigs) e publicado pela Sony. Revelado em 2013, o jogo em primeira pessoa com foco em exploração está disponível apenas no formato digital. Confira a análise.
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A beleza e o isolamento de uma jornada subjetiva
Enquanto as produções anteriores do estúdio The Chinese Room ficaram marcadas por serem narrativas interativas lineares, Everybody’s Gone to the Rapture inova ao contar uma história com trechos desconexos e que não são apresentados de forma cronológica. Isso significa que, ao final da jogatina, o jogador terá que ligar todos os acontecimentos para conhecer um desfecho incrivelmente subjetivo.

O game convida o jogador a explorar Shropshire, um pequeno condado na Inglaterra, assolado por uma misteriosa catástrofe. A trama se passa em 1984 e o protagonista é, aparentemente, o único sobrevivente em um cenário pós-apocalípitico belo, porém desolador.
Como único habitante do local, você deve explorar os ambientes de forma minuciosa para tentar descobrir qual foi a causa que extinguiu os outros moradores. Como um típico jogo de mundo aberto, é possível andar livremente pelos vilarejos, campos e florestas, mesmo que algumas localidades estejam limitadas, com portas trancadas e planícies delimitadas por cercas de madeira.
Nada de mapa
É valido ressaltar que não há um mapa e, por isso, é preciso memorizar construções altas e mapear a área com os próprios olhos para não se perder. Mesmo com a ausência de uma planta da região, o título orienta o jogador com enigmáticas esferas de energia, que servem como uma espécie de guia. São elas que conduzem o protagonista ao longo das seis horas de jornada.

As esferas também aparecem para explicar acontecimentos do passado e reviver diálogos primordiais referentes ao conto. A premissa de Everybody’s Gone to the Rapture é fazer o protagonista presenciar as memórias de outros indivíduos para que a sua própria história seja revelada.
Em um determinado momento, nos deparamos com um personagem coadjuvante que tentava fugir de carro da cidade por conta de uma suposta gripe que havia atingido toda a população. Em outro, presenciamos conflitos de relacionamentos entre dois casais que se amavam, mas, por forças maiores, não conseguiram ficar juntos.
Muita história, belo visual e jogo dublado
Ainda que a experiência seja bastante envolvente, a forma não linear como os fatos são apresentados pode dificultar a compreensão de certos elementos da narrativa. Se já é difícil memorizar o nome de todos os personagens apresentados, fica ainda mais complicado entender certos eventos, visto que os diálogos são, em grande parte, compostos por frases abstratas.

A grata surpresa é que o game chegou totalmente localizado para o português brasileiro (textos e dublagens). É realmente gratificante ver o trabalho exemplar da Sony, que disponibilizou um jogo independente com custo de produção moderado para o nosso idioma. A dublagem em si está bem acima da média e consegue contagiar o jogador com atuações memoráveis de coadjuvantes do conto pós-apocalíptico.
Não é exagero nenhum dizer que, atualmente, Everybody’s Gone to the Capture é o título mais bonito de PlayStation 4. É um verdadeiro colírio para os olhos deslumbrar os impressionantes efeitos de iluminação que enfeitam o bucólico clima da cidade. Os elementos dos cenários foram minuciosamente projetados para que a direção de arte consiga expor a proposta melancólica da trama.
Problemas com o dash
Em diversos momentos, é bastante comum parar em meio a um campo aberto apenas para apreciar a perfeição visual do vilarejo, que é levado pelas músicas magníficas criadas pela compositora Jessica Curry, nomeada para concorrer a um dos prêmios BAFTA. Aliás, a trilha sonora, um dos elementos majoritários do game, é constituída por faixas orquestradas que dão um tom incrivelmente épico.
Talvez o único ponto negativo com relação ao gameplay seja a velocidade de movimentação do protagonista. Embora seja possível caminhar mais rápido ao segurar o botão R2, a mecânica é limitada e sonolenta.
Conclusão
Não há dúvidas de que Everybody’s Gone to the Rapture não é destinado para qualquer tipo de jogador. A jornada interativa não proporciona uma jogabilidade memorável – que chega até ser monótona –, é verdade, mas surpreende com visual deslumbrante, clima poético e uma experiência cinematográfica incrivelmente subjetiva.
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