A Amazon resolveu preencher um espaço não tão explorado pelas gigantes da tecnologia, inaugurando uma nova categoria de tablets. O lançamento do Kindle Fire popularizou aparelhos com menor tela e processamento modesto, ideais para quem prefere um gadget mais simples ou não gosta de aparelhos muito grandes. O preço também é um ponto de destaque, já que ele custa quase metade do valor de um iPad. Confira o review do Kindle Fire preparado pelo TechTudo.

Design
Seu visual é bem sóbrio e elegante, sem grandes destaques no design. O Fire tenta chamar pouca atenção para dar os maior importância ao conteúdo oferecido em sua memória. Na frente há apenas a tela com uma moldura preta e o único botão físico é o de energia, que fica na parte de baixo do tablet, juntamente com a conexão microUSB e a entrada padrão para fones de ouvido.
Não há absolutamente mais nada em nenhum outro lado ou na traseira, a não ser pelas saídas de áudio estéreo na parte de cima, muito discretas. A traseira é preta e emborrachada, com o logotipo do Kindle em baixo relevo. Ele é leve para um tablet, mas com certeza pesado para um instrumento de leitura, com 406 gramas.
O display poderia ter melhor qualidade. Não por ela ser pequena, com apenas 7 polegadas — é até um tamanho prático —, mas simplesmente porque não se compara à tela de outros tablets, como o Galaxy Tab 10.1, por exemplo. O gadget da Amazon possui resolução boa de 1024 x 600 pixels e 16 milhões de cores, além de tecnologia IPS, fazendo com que a imagem seja vista em grandes ângulos.
Hardware e processamento
Apesar do preço reduzido, não há economia demais nas configurações. Estão presentes um chip de 1 GHz dual core e memória RAM de 512 MB. Especificações bem aceitáveis para um gadget menor e mais popular, sem faltar qualidade: esse conjunto fez com que ele não engasgasse em nossos testes. Os vídeos, livros e músicas rodaram com facilidade e até na multitarefa ele desempenhou um bom papel.

Por causa do preço, esqueça os recursos
badalados que você encontra nos tablets mais poderosos (e caros). No Fire não há GPS, Bluetooth, conexão 3G ou câmera. A ausência do microfone não permite que o aparelho seja utilizado em qualquer programa de chat como o Google Chat ou o Skype.
Sistema operacional e usabilidade
Nesse ponto temos um pequeno calcanhar de Aquiles: o Fire vem com Android 2.3, porém não um qualquer. A Amazon construiu um sistema personalizado com a plataforma do Google: a empresa não errou no design da interface, que é escuro e de muito bom gosto, com cinzas escuros e laranja, e sim ao inventar sua própria loja de aplicativos e proibir o acesso ao tradicional Market do Android. Como vantagem, há o filtro de qualidade com apps especialmente feitos para o Fire, mas isso acaba reduzindo as opções do usuário que sabe que o Android é muito mais do que isso.

Além disso, o Fire fica sujeito aos updates da Amazon, que podem demorar bem mais do que os do Google. Dizem até que alguns Fire estariam sendo atualizados sem a permissão de seus donos.
Sua usabilidade é razoável. São poucas opções de personalização, o que facilita a vida do usuário que não entende muito de tecnologia e nem quer ficar mexendo muito no aparelho. Em compensação, quem entende de tecnologia pode achá-lo meio limitado.
Também não há botão físico e nenhum sensível ao toque fora da tela: tudo acontece dentro das 7 polegadas. O botão
home
sempre fica disponível no canto inferior esquerdo, e a barra superior mostra as horas, a rede sem fio, bateria, e o acesso às configurações. Um atalho com os mais acessados é logo apresentado, sendo que para chegar às outras disponíveis basta apertar o botão 'Mais'. Lá são acertadas outras configurações, mas nada perto de um tablet comum com Android puro.
Para leituras, é possível ajeitar itens como o tamanho da letra, o espaçamento de linha, margens e os modos de cor normal, noturno (invertido) e sépia. É possível também escolher entre 7 fontes diferentes. Além disso, ao clicar em cima de uma palavra ou frase é permitido fazer anotações, grifos ou buscas por termos na internet. Ele cobre muito bem o básico que é preciso em um livro digital, incluindo a busca.
Aplicativos
Está aí mais um problema deste tablet - ao menos no Brasil. Por causa da loja exclusiva da Amazon, existem "apenas" 10 mil aplicativos, e não os 360 mil totais disponibilizados no Android Market. Nada muito terrível, mas aqui não há acesso a essa loja. Assim, não há acesso oficial a nada.
Entretanto, a loja exclusiva da Amazon não é ruim, e esse número mais restrito significa também um melhor filtro e apps mais selecionados do que no Market. Além disso, os programas disponibilizados para compra na loja de apps da Amazon funcionam perfeitamente no Fire, e até são feitos especialmente para ele.

O destaque entre os aplicativos fica com o Silk, o navegador do Fire, que a Amazon diz ser inovador por ser muito rápido. De acordo com ela, o aplicativo é uma mistura do processamento do tablet com os serviços de nuvem da empresa. Ele suporta Flash, e realmente se mostrou bem rápido no carregamento de algumas páginas, mas nada fantástico como promete a Amazon.
Leitura de livro
Uma das principais funções do Fire não é jogar, ou acessar a internet, e sim a leitura. Com a facilidade de comprar livros digitais com um toque de dedo e acessá-lo em menos de um minuto, ele é um baú do tesouro para quem gosta de ler — principalmente em inglês, já que a maior parte do acervo da Amazon está nesse idioma.
Fizemos o teste da leitura prolongada, para ver se a vista ficaria cansada com uso contínuo do tablet. Como ele é uma tela de LCD, julgamos não precisar de uma luz que o
acompanhasse, mas estávamos enganados. Depois de pouco mais de uma hora e
meia de leitura, os olhos começaram a sentir os efeitos. Graças à tecnologia
IPS, inclinamos ele um pouco para que a luminosidade — já em seu mínimo
— não agredisse tanto os olhos.

No geral, não é muito confortável ler com ele deitado. Ao contrário de um eReader, que é leve e pode ser segurado com uma mão, o Fire exige as duas mãos, por causa do seu peso.
Música e mídia
Músicas transferidas para a memória interna funcionam sem problemas, utilizando o aplicativo nativo do aparelho. Os vídeos, entretanto, precisaram de outros programas para rodarem perfeitamente– o app que já vem instalado só funciona com os arquivos adquiridos dentro da loja da Amazon.
O player de música é simples, mas bonito. Um ponto que não agrada é a falta de um botão físico de volume: para fazer qualquer ajuste é necessário recorrer à tela. O som é satisfatório na caixa de som externa, além da opção para fones de ouvidos.

No vídeo, quase a mesma coisa. Como os falantes ficam posicionados apenas de um lado, ao assistir um vídeo, o estéreo acaba sendo prejudicado. Ele aceita apenas os formatos MP4 e VP8 de vídeo, mas ao instalar outros aplicativos isso se torna irrelevante. Falando em formatos, a Amazon informa que as seguintes extensões são aceitas: Kindle (AZW), TXT, PDF, MOBI, PRC, JPEG, GIF, PNG, BMP, AAC, MP3, MIDI, OGG, WAV, MP4 e VP8.
Armazenamento e bateria
Como os eReaders da Amazon, não há espaço para cartão de memória, uma falha que a Amazon parece desconsiderar. Há 1,2 GB disponíveis para a instalação de aplicativos, e outros 5,4 GB para o armazenamento de livros, revistas, músicas e vídeos.
O pouco espaço é justificado pela Amazon com seu serviço de armazenamento na nuvem. Para quê tanto espaço, se tudo pode ser guardado na rede? Realmente não cabem muitos vídeos no tablet, mas livros podem ser armazenados aos milhares. Além disso, a Amazon promete espaço gratuito para todo conteúdo adquirido no site.
Quanto à bateria, sua duração é um pouco superior à dos tablets normais. A tela é menor e seu processamento não exige tanto da máquina, como nos outros modelos. Na leitura, com o Wi-Fi ligado, o Kindle Fire durou aproximadamente 10 horas de uso, divididos em três dias - nada perto dos eReaders, mas deu para ler bastante. Assistindo filmes, ouvindo música ou navegando na internet, esse número cai para umas 6 horas, aproximadamente.
No Brasil
O tablet funciona normalmente para a compra de livros na Amazon, e também aceita arquivos em formato Mobi. É também possível instalar aplicativos Android nele. Assim como nos eReaders Kindle, basta enviá-los para o seu email e abrir o link dentro do Fire.

Quanto aos vídeos, ele reproduz com a ajuda de um aplicativo externo, sem problemas. No geral, vale a pena comprá-lo e como a Amazon deve chegar por aqui ainda no primeiro semestre, é capaz de termos acesso a todo o acervo da empresa ainda em 2013.
O que vem na caixa
Além do próprio aparelho, está incluído a tomada com cabo para carga na parede e um manual. É altamente recomendável adquirir uma capa para preservá-lo e, caso você não tenha, um cabo USB, já que não vem nenhum com ele.
* Colaboração de Matheus Gonçalves.
Ficha técnica
Tela | 7 polegadas |
Resolução de tela | 1024 x 600 pixels, 16 milhões de cores |
Sistema operacional | Android 2.3 |
Processador | TI OMAP dual-core 1GHz |
Memória RAM | 512 MB |
Armazenamento | 6,6 GB |
Conectividade | Wi-Fi b/g/n / microUSB |
Dimensões | 190 x 120 x 11,4 mm |
Peso | 406 gramas |
Autonomia de bateria | Até 10 horas de leitura |
Itens inclusos | Aparelho, carregador e manual |